sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O DIÁLOGO ENTRE LEITURA, LITERATURA E 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

COMO TUDO COMEÇOU: TRILHOS E TRILHAS PARA A SENSIBILIZAÇÃO E O ENCANTAMENTO


Desde criança, bem pequena, sempre ouvi de meus pais e meu avô materno (que morava conosco e, também era um nato contador de histórias), que devíamos cuidar do ambiente com o qual convivíamos que a “Terra era a nossa casa” e por isso precisava ser tratada com carinho. Costumávamos acampar com frequência naquela época, sempre à beira de rios e, era do rio que tirávamos a água para o consumo. Naquele tempo isso era possível.
Quando adulta, tive sempre a preocupação de educar minhas filhas da mesma forma que fui educada e, como faziam meus pais e meu avô, através do exemplo.
Quando iniciei minha caminhada no magistério, já com 41 anos, busquei sempre, trabalhar com meus alunos projetos que envolvessem a temática ambiental e propiciassem processos de conscientização, levando-os a perceberem que todos nós fazemos parte do meio ambiente.
Alguns fatos pitorescos marcaram essa trajetória, rendendo o início ou a ampliação de projetos. Ainda como estagiária do magistério, havia desenvolvido um projeto com minha turma, uma 1ª série[1], onde o problema a ser resolvido era a preservação de um grupo de quero-queros que habitavam um terreno baldio, que ficava do outro lado da rua da escola e que podíamos ver da sala de aula. As “pobres aves” eram alvo de pedradas por parte de alguns meninos e os ninhos, quando encontrados eram destruídos.
Para minha surpresa, certa manhã, um aluno veio me dizer: “Viu professora, como foi bom à gente aprender a cuidar dos pássaros. Agora o Marcelo achou aquele passarinho machucado, lá na casa dele, e trouxe pra gente cuidar.” Ao verificar a informação, descobri que Marcelo havia encontrado um filhote de bem-te-vi, já com penas, que havia caído do ninho. E agora, o que fazer? Devolver o bichinho ao “lar” era impossível! Conseguimos uma gaiola emprestada na vizinhança, colocamos o filhote lá e começamos a tratá-lo com papinha de farinha de milho, depois minhocas e, à noite e finais de semana eu o levava para casa a fim de alimentá-lo e também, com a casa fechada, soltava-o para que aprendesse a voar. Isso durou aproximadamente um mês e meio, até que fomos ao parque Floresta Imperial, em Novo Hamburgo e naquele lugar o “nosso bem-te-vi” pode voar livre e solto.
Desde que iniciei no magistério, busco sempre a formação continuada, tendo plena consciência de meu inacabamento. É através da ação-reflexão-ação que busco melhorar minha prática.
No ano de 2007 comecei a desempenhar minha prática pedagógica como professora bibliotecária e responsável pela Hora do Conto, com alunos de 1º ao 5º ano. Além disso, realizava um projeto chamado “Sacola Ambulante”, que consiste em sacolas com variado e farto material de leitura, disponibilizadas aos estudantes que as levam para casa compartilhando o mesmo com toda a família.
Para que tenhamos resultados satisfatórios é necessário repensar tempos e espaços escolares; criar redes e promover diálogos. Em Freire podemos ver que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo a partir de uma prática consciente. É essencial que saibamos valorizar a cultura popular em que nosso aluno está inserido, partindo desta cultura, e procurando aprofundar seus conhecimentos para que participe do processo permanente da sua libertação.
“A biblioteca popular como centro cultural e não como depósito silencioso de livros, é vista como um fator fundamental para o aperfeiçoamento e a intensificação de uma forma correta de ler o texto em relação ao contexto.” (Freire, 1988, p.38).
O Curso de Especialização em Educação Ambiental, com certeza veio ao encontro das necessidades que tinha de ampliar conhecimentos, de analisar e refletir sobre as minhas convicções a respeito da importância da leitura para a sensibilização do sujeito em relação às questões ambientais e, assim, qualificar minha práxis e contribuir para uma Educação Ambiental crítica e solidária.
“Há possibilidades para diferentes amanhãs. A luta já não se reduz a retardar o que virá ou a assegurar a sua chegada; é preciso reinventar o mundo.” (Freire, 1995. p.40).
O Projeto que desenvolvi no referido curso teve como objetivo sensibilizar os alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) e, a comunidade escolar para os problemas ambientais, em especial a grande quantidade de resíduos sólidos existentes pelas ruas da Vila Progresso e Vila dos Tocos, através da Hora do Conto, de reuniões semanais com alunos, professores e agentes comunitários, bem como, da “Sacola Ambulante” levando a boa leitura além dos muros da escola, objetivando estimular esse hábito nos educandos e comunidade escolar, criando interesses de leitura permanente, construindo e reconstruindo aprendizagens significativas. Através das histórias traçamos paralelos entre ficção e a realidade, refletindo e analisando sobre fatos ocorridos nessas. O diálogo, sempre promovido nesses momentos, buscou interpretar e refletir sobre as falas, durante e após a realização das atividades, deixando transparecer uma memória viva na qual o sentido das coisas é reconstruído.
Acredito, piamente, que a leitura amplia horizontes, permite ao leitor ver e ler o mundo com outros olhos e, com esse “novo olhar”, sensibilizado, transformá-lo. Somente uma comunidade sensibilizada com os problemas ambientais que atingem a “sua aldeia” e, com o sentimento de pertença fortalecido, pode intervir de fato para transformar a realidade.
Nesse sentido, Freire leva-me a refletir/agir quando afirma:
“Urge que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais fundamentais como o respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e das florestas. Não creio na amorosidade entre mulheres e homens, entre os seres humanos, se não nos tornarmos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem de estar presente em qualquer pratica educativa de caráter radical, crítico ou libertador [...]. Desrespeitando que todos têm consciência que são parte deste Meio Ambiente que precisa, com urgência os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e amorosos da vida e dos outros...”. (2000, p.66-7)






quinta-feira, 26 de junho de 2014


 Faz tempo... Faz tempo, mesmo!
O desejo de criar esse espaço e poder compartilhar com aqueles que, como eu, são apaixonados pela leitura, especialmente a leitura literária e reconhecem o poder de encantamento, reflexão e transformação que a mesma exerce sobre o leitor.
Compreendo que a Literatura através da sensibilidade, da paixão e do sonho contido na sua produção pode possibilitar um (re) encontro entre o eu, o outro e a natureza que nos completa e irmana, criando e recriando teses e antíteses e, assim, instigando outras possibilidades de diálogo para com o ambiente em que vivemos.
Então, aqui, aos poucos irei postando leituras, sugestões de livros, eventos literários, encontros, trilhos e trilhas por mim já percorridos e, aqueles que ainda irei trilhar. O ritmo da caminhada? Não sei! Sei, entretanto, que precisamos de trilhos e trilhas para nossa vida, através deles é que vamos avançando como indivíduos, como comunidade, como sociedade. E, como dizia Neruda: “O caminho se faz caminhando!”.
     Vera Maria Hoffmann









         LER                  


“SE LER É SABER”
SABER É VIVER
POIS LER É SONHAR, CONHECER.
CONHECER PARA AMAR
ÀS VEZES É RIR, OUTRAS, CHORAR.
É PODER VIAJAR
NÃO DE AVIÃO, E SIM,
NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO

SONHAR, SORRIR
AMAR, CURTIR
CHORAR, CONHECER
VIAJAR ATRAVÉS DO LER
MEXER COM O CORAÇÃO
POIS LER É PURA EMOÇÃO

ENTÃO ACEITA O CONVITE
E ENTRA NESSA COMIGO
VAMOS LER. SEM LIMITE
TU VAIS GOSTAR! EU TE DIGO.

VIVER, APRENDER, SABER.
DESCOBRIR O PRAZER
NO ATO DE LER!


Vera Mª Hoffmann